terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Dor em dobro


Dona Vera cobra justiça.
Se ter um filho desaparecido já não é fácil, imagine dois de uma vez só. A dor é da dona de casa Vera Lucia da Silva, que há seis anos sofre pela ausência dos filhos. Na tarde de 24 de agosto de 2003, Alex da Silva Botzan, 9 anos, e o irmão Cláudio Geovani da Silva, 10, saíram de casa, na rua Dorval Cecon, Jardim Ana Terra, em Colombo, por volta das 10 horas da manhã. Eles iam a uma chácara buscar um cavalo, que, supostamente, haviam ganho de um homem que conheceram na rua. “Eles falaram que um tio, que eu não sei quem é, iria dar um cavalo para eles”, relembra Vera Lucia.




Teoricamente, procurar duas crianças é mais fácil que uma, mas na prática isso não aconteceu. Desde o início, muitas informações chegaram à polícia. Primeiro, que os meninos estariam em São José dos Pinhais, depois, no Pinheirinho. Todas as pistas foram checadas, mas nenhuma foi bem-sucedida. No dia em que eles desapareceram, estavam acompanhados de uma tia, que disse não ter visto para onde eles foram. “Achei estranho, porque só fiquei sabendo às 21h, quando cheguei do meu trabalho. Liguei na delegacia e pediram 24 horas para começar a investigação. Desde aquele dia, estamos esperando por notícias”, conta Vera.



O desaparecimento fez com que ela e o marido Vanderlei começassem a trocar acusações. As frequentes brigas foram desgastando a relação e o casal se separou. Vanderlei continua morando no Jardim Ana Terra, bem perto do lugar onde os meninos desapareceram. A mãe não entende como a tia, que cuidava das crianças e estava junto com elas, diz não ter visto nada. Por conta das desavenças familiares, a tia foi embora para Santa Catarina e não manteve mais contato.



Vera lamenta o descaso das autoridades. Ao repórter Marcelo Borges do Primeiro Jornal da cidade de Colombo, ela disse: “Até hoje só aconteceu uma audiência sobre o desaparecimento dos meus filhos. Ligo várias vezes para a polícia, mas nunca tem novidades.” Ao contrário das outras mães de crianças desaparecidas, Vera tem uma posição mais racional e não se deixa levar pela emoção. “Sinto, mas sei que é muito difícil, pelo tempo que passou, que um dia vou ter a oportunidade de abraçar os meus filhos novamente. Durante várias semanas procurei a delegada Ana Claudia Machado, para ouvi-la sobre o caso. Em todas as tentativas ela sempre alegava que estava ocupada e não poderia falar sobre esse ou qualquer outro caso.”

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